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sábado, 20 de fevereiro de 2010

Por trás das máscaras sociais


Desde o início da civilização humana, os papéis sociais foram predeterminados na vida de cada um: papel de marido, esposa, pai, mãe, filho, profissional etc. Conviver socialmente, muitas vezes, não é missão simples nem prazerosa. É preciso se adequar e até abdicar, em alguns momentos, do que realmente somos para conquistar boa imagem diante dos olhares alheios. A cada relação estabelecida, somos cobrados pela maneira de agir, de pensar; assim como, mesmo inconscientemente, também esperamos que o outro nos satisfaça.
Há exigências no comportamento profissional, na relação com os familiares, com os amigos e vizinhos. Usamos “máscaras sociais” em nome do reconhecimento e admiração no convívio cotidiano. Diariamente nos rendemos a opiniões que muitas vezes discordamos e nos queixamos às escondidas sem propor um ponto de vista diferente, que inclusive, poderia ser melhor do que as normas obedecidas. Até que ponto devemos vestir essas fantasias impostas e sacrificar nossos próprios desejos? Diante de tantos padrões de comportamento, em que lugar está a nossa personalidade?
Desde o nosso nascimento, recebemos investimentos necessários para a nossa constituição. Este desejo vindo do outro irá instaurar-se em nosso inconsciente, permitindo o surgimento de identificações em nossos relacionamentos que irão moldar a personalidade de cada um. Passamos então a ter a percepção de como nós somos, através da autoavaliação global, de como os outros no vêem e, por fim, de como somos de fato, ou seja, a nossa personalidade. A percepção distorcida em alguma dessas esferas poderia estar trazendo comprometimento psíquico para o sujeito. O importante é perceber-se e, ao entrar em sofrimento, buscar ajuda psicológica.
Às vezes, não nos damos conta de que levamos ao pé da letra os limites dos papéis sociais e cristalizamos nossa mente. Quem na infância nunca brincou de ser um super-herói, ou nas brincadeiras de “casinha” não assumiu o papel da mãe, professora, médica. A questão é que quando nos desenvolvemos, temos que assumir um único papel. Se somos adolescentes, temos que ser responsáveis e obedientes. Quando atingimos a idade adulta, temos que ter um objetivo já traçado e ir em busca dele.
Existe uma guerra entre aquilo que nossas pulsões desejam e o que a sociedade exige. E para interagir em sociedade e viver de acordo com as expectativas externas, o sujeito percebe que precisa frear seus impulsos e desejos, através de uma série de estratégias e mecanismos de defesa. É preciso ser realista e aceitar que nunca será possível ser e ter aquilo que nossos mais profundos desejos ordenam, mas o outro extremo também é prejudicial; o sacrifício pelo bom conceito diante da sociedade não pode ultrapassar limites, gerando angústia e sofrimento.
Diante do rebuliço de obrigações, responsabilidade e limitações, existe um ser humano tentando sobreviver na busca pela adaptação. Desta forma, os papéis sociais são importantes, sim. Mas cabe a cada um de nós o reconhecimento das diversas possibilidades e a busca pelo equilíbrio entre aquilo que queremos e o que querem de nós. Caso contrário, estaremos eternamente estagnados e aprisionados em nossas máscaras.