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domingo, 24 de janeiro de 2010

Carnaval e suas “fantasias”


ARTIGO FEVEREIRO-09

Fevereiro é festa. É carnaval! A sensação que ele transmite é de alegria, curtição, bem-estar. E tudo se transforma numa brincadeira. Carnavalizar significa subverter, pôr em estado de desordem, ou seja, se passamos o ano inteiro vivendo segundo as expectativas dos grupos sociais, é no carnaval que podemos nos libertar e ser aquilo que queremos. É possível participar de uma nova realidade. As pessoas esquecem dos problemas e dificuldades rotineiros e podem desfrutar de pura euforia e prazer. O carnaval abre alas no palco real da vida, permitindo a fantasia falar mais alto. Psicanaliticamente, não é a toa que isso acontece.
A fantasia é um conceito desenvolvido por Freud que está intimamente ligada a cada ser humano. Ela é o substituto do que é o brincar para a criança, sendo que enquanto a criança exibe seu brinquedo, o adulto inibe suas fantasias.
Desde a infância, passamos por experiências marcantes que, mesmo inconscientemente, criam em nossas mentes fantasias na busca de prazer. Porém, com o passar do tempo assumimos certos compromissos com a sociedade, construímos uma identidade e zelamos pela imagem que esperamos ter diante do olhar do outro. Somos cobrados na maneira de andar e vestir. Mas no carnaval é diferente e então podemos liberar nossos mais profundos e secretos desejos e deixar o inconsciente "falar mais alto", mesmo que disfarçado.
As fantasias carnavalescas expõem o que muitas vezes ocultamos durante a nossa vida, nossa múltiplas facetas. Neste grande espetáculo, as pessoas dão permissão e liberam suas fantasias conscientes ou mesmo inconscientes nas alegorias, pois assim não precisam assumir suas escolhas para a sociedade, afinal, tudo é festa! As máscaras tomam o lugar das nossas dissimulações sociais, pois com os adereços nos disfarçamos ou nos revelamos, podendo brincar sem medos, independente de sermos lembrados no dia seguinte.
O carnaval provoca uma quebra na ordem social e permite inversão de papéis e valores: pobre vira rei e rainha, homem vira mulher e mulher vira homem, adultos pedem chupeta enquanto crianças se transformam em super-herois, enfim, ocarnaval é representado pela mistura de cores,classes sociais,diversão e cultura. O importante é que tudo é "permitido "
Além de imaginar, o sujeito pode vestir sua fantasia, e por algumas horas, pode ser aquilo que seu desejo "ordena". A fantasia também atrai o olhar do outro, faz chamar atenção. Por tudo isso, há tanto prazer e felicidade em desfrutar deste momento. Portanto, no carnaval, desejo e realidade se misturam e entre adereços e fantasias, o inconsciente pode fluir, sem ultrapassar os limites da sociedade e de nossas cobranças pessoais.
Fantasiar é saudável, é a forma que encontramos pra suavizar a dureza da vida. Somos exigidos a assumir uma postura em nossa sociedade, o que muitas vezes se torna pesado. Não há melhor época para nos desarmarmos do que o carnaval, pois é justamente nessa época em que as pessoas pactuam umas com as outras, "mudamos de roupagem, nem que seja só até quarta-feira de cinzas..."

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