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domingo, 24 de janeiro de 2010

A força do desejo de ser mãe


ARTIGO MAIO-09

Segundo domingo de maio. A data remete automaticamente à figura materna e somos
tomados por sentimentos de amor, de carinho e gratidão por aquela que nos criou,
ensinou, transmitiu afeto... e nos gerou. Opa! Gerou? Nem sempre! Falar de mãe,
definitivamente, vai muito além de falar de quem nos colocou no mundo (mesmo que
isso, na maioria das vezes, coincida).
Atualmente, nos deparamos com uma mudança de paradigma em relação à família. O
modelo tradicional “pai,mãe e filho” deixa de ser exclusivo, oferecendo espaço
para novos tipos de aceitação e outros formatos familiares. Pensar em um casal
homossexual que adota uma criança, ou mesmo um pai que cria sozinho seu filho por
uma fatalidade ou por ter sido abandonado pela esposa, pode fazer com que alguns
questionem: "o que será deste sujeito quando crescer? Será que ele está condenado
a algum comprometimento psíquico?". Não! Quando falamos em capacidade para
exercer a função materna, não nos referimos a como deva ser a instituição
familiar, mas sim a transmissão do desejo.
A criança, ao nascer, precisa de alguém que a cuide, que atenda tanto suas
necessidades fisiológicas quanto psíquicas, em uma relação simbiótica que é
estabelecida através do cuidar, do olhar, da voz. Sabemos que é através da mãe
que a criança recebe o primeiro investimento de sua vida. Daí a importância de
que tudo ocorra da melhor maneira possível. Esse momento é fundamental para a
constituição do sujeito, que necessita dessa transmissão de afetos “desejantes”,
devendo ser feito por alguém que realmente possa exercer essa função de maneira
satisfatória. Mas para que isso aconteça é necessário que o cuidador também tenha
sido investido, e assim possa investir libidinalmente neste bebê. Como nos diz
Freud: “Se prestarmos atenção à atitude de pais afetuosos para com os filhos,
temos de reconhecer que ela é uma revivescência e reprodução de seu próprio
narcisismo”.
Ser mãe exige uma intensa dedicação, desprendimento, investimento, amor e
cuidado. Mas muitas mulheres não tiveram desejo suficiente para criar um filho,
entregando seu papel para outro - um pai, tio, avós, ou qualquer outra pessoa que
tenha desejo e capacidade em dedicar seu amor a essa relação. Infelizmente,
sabemos que existem aquelas que assumem seus filhos com total descaso no cuidado,
sendo muitas vezes agressivas e hostis, negligenciando sua função materna e
provando mais uma vez o quanto tal papel está atrelado ao desejo de cuidar.
Todos nós tivemos uma mãe ou alguém que cumpriu tal papel,mas hoje devemos
comemorar não apenas com quem diariamente exerce a função materna, mas com
aquelas que em algum momento ou por algum motivo precisaram substituí-las e o
fizeram com maestria, como nossos avós, tias ou babás. Portanto, ser mãe não é
pra quem quer e sim para quem deseja e ama!

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