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domingo, 24 de janeiro de 2010

A mentira nossa de cada dia


ARTIGO ABRIL-09

Quem nunca mentiu que atire a primeira pedra. Mentir é natural, faz parte do ser humano, enfrentar a realidade nua e crua é muito cruel. Contar uma verdade requer encarar as coisas da forma mais intensa e muitas vezes não estamos preparados para isso. Mentimos, então, como forma de escapar pelo caminho da fantasia. Com a mentira, podemos manipular realidades, temos o poder de tornar “real” algo que imaginamos, que desejamos; podemos dar um susto e depois voltar no tempo, afirmando que aquela terrível história que foi contada não passa de uma brincadeira. Todos nós, em algum momento da vida, já contamos uma mentira seja lá por qual motivo: para se livrar do telefonema daquele vizinho chato ou até para evitar uma fofoca e amenizar uma situação difícil.
Para a psicanálise a mentira está atrelada a alguns mecanismos de defesa como o da negação. Recorremos a mentira para usufruir por algum tempo do alívio e amparo que ela nos proporciona. Uma ligeira fuga da realidade não faz mal a ninguém... Será? Quando mentimos nos abstemos de algo, mas sempre alguém tem que “pagar o pato”. Os efeitos de uma mentirinha podem ser desastrosos. As conseqüências podem ser consideradas como mais difíceis de serem encaradas do que a própria verdade, por isso devemos refletir muito antes de mentir.
Se a mentira é corriqueira deve-se tomar apenas cuidado com as conseqüências, mas caso ela seja a única forma de o sujeito funcionar, e se transforma em prática cotidiana , aí sim a situação é preocupante, pois, por trás da mentira está a dificuldade da pessoa se defrontar com sua realidade.
Existem aqueles que mentem de forma compulsiva, outros o fazem sem pudores para tirar vantagem, “se dar bem” e em casos mais extremos, tem realmente o intuito de fazer mal. Pessoas assim, desconsideram totalmente os sentimentos dos outros e são capazes das piores atitudes e das mentiras mais cabeludas para conseguir o que desejam. Roubam, trapaceiam e até matam se for preciso.
Para eles, não há o menor problema em recusar normas, regras e valores, sentem inclusive prazer ao causarem danos e dores ao outro. Existe uma imposição do seu desejo e para isso, tratam o outro como objeto.
Sujeitos assim, não toleram a frustração e tornam-se agressivos quando contrariados. Simulam emoções, atuam, manipulam e não sentem culpa ou remorso diante do que fazem.
Em função disso, são pessoas que não procuram tratamento analítico, e quando obrigadas a isso, é quase impossível conduzí-las.
Fantasiar é prazeroso, mas devemos estar atentos para o fato de que a mentira, quando almeja a destruição, traz consigo algo que faz parte de nós e desconhecemos, mas que nos habita e está no nosso inconsciente.

Um comentário:

Unknown disse...

Minha mae e assim. Se encaixa perfeitamente nesta descriçao.