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domingo, 24 de janeiro de 2010

O que quer uma mulher?


ARTIGO março-09

Em março, quando se comemora o dia da mulher, há grande mobilização com objetivo de valorizar o gênero feminino. Alguns homens aproveitam para render homenagem as mulheres, declarando seu desejo pelo sexo oposto; o comércio encontra aí ótima oportunidade de vender, e abusa da imaginação na busca do que , supõem, poder satisfazê-las.
O Dia da Mulher representa rompimento de barreiras econômicas, sociais e políticas. Durante muitos anos, as mulheres lutaram por direitos iguais aos dos homens e enfrentaram os preconceitos sofridos. Hoje, depois de tantas conquistas femininas, mais do que nunca é enfatizada a independência feminina diante de seus múltiplos papéis na sociedade.
Apesar dessa batalha por igualdade, homem e mulher, definitivamente, nunca serão iguais. Para a psicanálise, entretanto, a marca da diferença entre eles, não deve ser definida pelo órgão sexual, mas pela inclinação do desejo de cada sujeito. Falar de mulher, sob esse ponto de vista, significa entrar em um terreno fértil e misterioso.
Falar de mulher implica falar de maternidade, cuidado, afeto. Nos remetemos à imagem da sensibilidade, da coragem, da vaidade. A mulher não é mais aquele sexo frágil de antigamente, conquistou seu espaço na sociedade que faz com que pensamentos pululem nossas mentes sobre quem é essa mulher contemporânea.
As vezes fraca, as vezes forte, ora dependente ora independente. São diversas as facetas assumidas pela mulher, fazendo com que o seu desejo seja encarado como um enigma. Freud e Lacan tentaram traçar um percurso explicativo sobre o que quer uma mulher.
Se percorrermos o caminho da arte- poesias, música, pintura, por exemplo-, perceberemos como todos tentam desvendar esse o obscuro inconsciente da mulher- mas apenas tentam.
Quando falamos em mulher, não podemos negar sua magnitude: é a única que pode conceber a vida e aquela que, na maioria das vezes, exerce a função materna, função primordial para a teoria psicanalítica. Afinal, como pensar em uma sociedade com sujeitos atuantes e bem resolvidos, sem levar em consideração o momento em que cada um viveu seu período de constituição. Já citamos em outros textos a necessidade que a criança tem de ser cuidada, investida e desejada. Esse papel, na maioria das vezes é exercido pela mãe; é ela quem traduz os afetos e emoções vividos pelo bebê e torna-se uma espécie de mediadora entre ele e o mundo externo, possibilitando que a criança inicie um processo de reconhecimento enquanto sujeito.
É claro que ser mulher não implica necessariamente em exercer a função materna, assim como o ato de cuidar pode ser realizado por outro sujeito. Se não houver desejo de ser mãe, o valor da mulher não será menor por esse motivo.
Enfim, mesmo que continue assumindo tantas posições na sociedade, nos parece inesgotável a tarefa de desvendar o que realmente uma mulher deseja.

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