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domingo, 24 de janeiro de 2010

Irmãos: um misto de sentimentos


ARTIGO DEZEMBRO-08

Para a maioria dos pais, ver seus filhos vivendo harmoniosamente é motivo de prazer e felicidade. Esperam desta relação fraternal troca de carinhos, amor e companheirismo. Mas se ficam tão satisfeitos com manifestações de união, é porque sabem que nem tudo sempre são flores e que as relações entre irmãos são permeadas de rivalidades e competições. É na família que o sujeito experimenta todo tipo de sentimento, tanto os de afeição, quanto os hostis. Tal vínculo é marcado por uma série de ambivalências: sentem ódio, ciúmes, inveja, mas também se identificam, compartilham referências, espaços e aprendizados.
Quando o bebê nasce, sabemos que deve ter toda a atenção da mãe voltada para ele. Nesse momento, percebe sua mãe como exclusivamente sua e é muito difícil desfazer-se dessa idéia. Freud esclarece em um de seus textos: “O amor infantil é ilimitado; exige a posse exclusiva, não se contenta com menos do que tudo.” Quando os pais resolvem ter outro filho, devem ficar atentos, pois a chegada de um bebê nem sempre é encarada pelo irmão com festa e alegria. As fantasias que surgem em torno dessa criança que está por vir devem ser compreendidas e debatidas entre pais e filhos. Além disso, sentimentos de carinho e respeito podem ser trabalhados antes mesmo que o bebê nasça.
É normal, portanto, que ao se dar conta que existe outro alguém, que assim como ele também participa das relações familiares, a criança perceba o irmão como uma grande ameaça. Neste momento, precisa aprender a dividir, compartilhar e, aos poucos, amá-lo.
Desentendimentos fraternos também podem ser positivos e servir para o crescimento, pois possibilita a criança aprender a dividir e entender que no mundo existem outras pessoas que devem ser respeitadas. Mas isso depende muito da maneira como os próprios pais se posicionam em tais situações. Suas atitudes diante de brigas e discussões dos filhos podem promover o crescimento e amadurecimento de seus filhos, como também prejudicá-los e conturbar as relações na família.
Os pais, portanto, devem saber que tais sentimentos são normais e saudáveis, pois essa é a maneira que a criança encontrou para demonstrar seu amor, e cabe ao adulto suportar tal pressão, amparando e ajudando a criança a encontrar suas limitações. Algumas vezes, em função de suas histórias de vida, os pais permitem que sentimentos mal resolvidos( mesmo inconscientes), influenciem nos seus comportamentos. Comparam, protegem um filho em detrimento do outro, sem a real noção das conseqüências que isso, verdadeiramente, pode causar.
A preocupação deve surgir quando a briga, ciúmes, inveja e desentendimentos perpetuem por muito tempo ou quando mesmo após muitas tentativas, não ocorrem mudanças no comportamento dos filhos.
Uma pessoa que durante sua vida foi desvalorizada e humilhada pelo irmão e teve a “confirmação” dos pais diante disso, poderá sofrer em futuras relações, mantendo-se nessa posição. Podem tornar-se submissos, infelizes, sem capacidade de encontrar seu próprio valor.
Porém, mais uma vez não devemos esquecer que em nossas vidas sempre pode haver mudanças. Devemos buscar os motivos de nossos problemas, a origem de nossos conflitos, e assim, tentar uma solução.

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