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domingo, 24 de janeiro de 2010

Quando o medo vira fobia


ARTIGO JULHO-09

Todos nós já sentimos medo em algum momento da vida. Ainda na infância, nos deparamos com situações, objetos e até fantasias que despertam nosso temor. Temos medo do escuro, de altura, da morte, de aranha e até de sermos abandonados.
É normal que este sentimento exista em cada um de nós. Mas pode chegar um preocupante momento no qual o medo se torne intenso, transformando-se em algo mais grave, como a fobia.
É preciso fazer aqui uma distinção entre o medo e a fobia.
O medo é um sentimento que nos avisa quando a situação exige uma atitude de fuga ou de ataque e o nosso organismo se prepara para uma ação rápida, forte, intensa. É um sentimento fundamental para a proteção de nossa espécie, pois surge diante de algo iminente, apropriado à situação a qual representa - diante de uma cobra venenosa, ou um ladrão em sua casa, por exemplo. Já a fobia, é um medo exagerado e desproporcional, pois surge diante de algo que não representa perigo, causando enorme angústia, principalmente quando paralisa o sujeito.
Quando somos crianças, são comuns os sentimentos ambivalentes, principalmente em relação aos nossos pais. Amamos o pai que nos dá carinho, amor, mas, ao mesmo tempo, somos tomadas pelo ódio quando este mesmo pai nos nega algo, nos impõe regras, limitações aos nossos desejos. Para a criança é muito angustiante lidar com tal ambivalência, com essa culpa por sustentar sentimentos hostis pelas pessoas que ama. Suprimir sentimentos, porém, não é o mesmo que descartar um objeto concreto. Jogou fora e tudo está resolvido. Não, não é assim. Os sentimentos se preservam dentro de um “recipiente” de memória intitulado inconsciente. É bom destacar que nem sempre tal operação ocorre de maneira satisfatória. Muitas vezes, o sentimento reprimido (o sentimento hostil, por exemplo) se desloca para um objeto externo, pois é mais fácil lidar com a aversão a qualquer objeto do que com nosso pai, não é mesmo? Basta apenas a criança se afastar de tal objeto que ela estará protegida. Se a fobia é comum e transitória na infância, ela se torna um problema quando atinge a idade adulta. E como nos lembra o psicanalista Laplanche, a fobia é consequência de um “resíduo irresolvido” da história de vida do sujeito. A pessoa desloca a angústia de uma situação insuportável para outra que aparentemente não tem nada a ver.
Em mês de férias, muitos podem estar se deparando com o pavor sentido diante de certas situações. A fobia de avião, por exemplo, pode inclusive impedir uma viagem com a família. Sentir medo antes de embarcar é natural, mas não conseguir entrar no avião ou mesmo ter palpitações, sudorese, um medo exacerbado, aí é preocupante. Tal medo pode estar associado a outros fatores como medo de acidente, de altura ou de ficar em local fechado. É claro que muitos acabam dando um jeitinho, fugindo do objeto fóbico até onde pode, porém, o sujeito não pode esquecer que existe um momento em que tanto medo pode paralisar sua vida, causando prejuízos ainda maiores. Nessa hora, o importante é reconhecer que algo realmente está errado. Precisamos “encarar” nossos medos e entender o real motivo de tanto temor, buscando ajuda de um profissional, como psicólogo ou analista.

Um comentário:

Lounge Cuiabá disse...

Explicação excelente pela clareza! Que você tenha sucesso na psicanálise...